quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Sessão de Terapia

Olá pessoas, como estão?

Sei que quase ninguém lê aqui e depois do livro que virou a história de Fernandes (CdF, pra quem chegou faz pouco tempo, é 'Cronicas de Fernandes') menos gente ainda lê (a média de acessos diz que tem entre 3 e 10 views por post), porém como o objetivo aqui nunca foi fazer sucesso e sim escrever uma história que foi surgindo conforme minhas dúvidas surgiam... é, até que rendeu né? E teremos uma temporada 3? Quién lo sabe? Eu adoro trilogias, quem sabe né? Mas por ora, vamos deixar assim.

A verdade é que criei esse blog como válvula de escape pra mim, uma pessoa confusa no que dizia respeito a sua sexualidade e suas neuras internas. Comprar a saia, pra mim, foi um divisor de águas imenso, me fez bem, melhorou minha auto-estima, porém trouxe consigo dezenas de dúvidas que vou escrever aqui mais como um desabafo do que como algo pra inspirar ninguém ok? Eu estou escrevendo a MINHA jornada até aqui.

O começo


Quando eu comprei a saia em finais de 2018 (juro, parece muito mais tempo) eu dividi minha personalidade, o Lu era o menino-hétero-bonitinho-que-curte-automobilismo e a Fê que era a menina-que-curte-rosa-e-tudo-do-universo-feminino, só que eu não me sentia bem com isso, aí eu comecei a "matar" a Fê, só que né, ficou uma sensação meio de vazio e resolvi pegar a personagem que eu já tinha criado (o Fernando é uma personagem que criei quase como uma fanfic dos escritos da Senhora Pam, o incrível e super recomendado Senhora de Três) e a minha ideia quando comecei a escrever era ir tateando as coisas sabem? Primeiro a ideia da personagem ser a sissy de uma domme era o meu desejo na época, depois a personagem "evoluiu" pra crossdresser (onde passei também) e por fim se descobriu que a personagem é, na verdade, uma mulher trans.

Eu não sei quantos de vocês que leem aqui também tem o hábito de escrever, mas quando eu escrevo eu não controlo o que minhas personagens vão fazer sabe? Eu tenho a ideia e deixo fluir e no fim eu acabo me surpreendendo com os rumos do que escrevo, por isso o próximo paragrafo...

No meio pro fim do ano passado eu estava realmente achando que eu poderia ser uma pessoa trans, sério mesmo, já estava lendo relatos, vendo os remédios que se toma e todo o processo, porém a ideia não me satisfazia, ela era como uma febre terçã, durava pouco e não era o caminho que eu queria... e assim o ano de 2019 se arrastou comigo usando a saia vez ou outra e contanto pra algumas pessoas e aí vem o próximo parágrafo.

Felicidade compartilhada


Como já contei naquele post eu senti uma alegria tão intensa e imensa por ter realizado isso que eu quis berrar pra todo mundo. Só que quase instantaneamente veio a realidade e falou "ow peraê" e lembrei que moro em Santa Catarina, um dos estados mais homofóbicos/racistas do Brasil (aqui é tutu alemón) então respirei fundo e, durante o ano de 2019, eu fui escolhendo a dedo as pessoas que eu falaria sobre e todas (até o momento umas 10 mulheres e 2 homens (tenho mais amigas que amigos, fazer o que né?)) super compreensivos, alguns até me falaram que era tão bom me ver feliz com algo (relembrar isso me mareja as vistas), porém tem uma única pessoa que eu queria falar só que por ora não tenho como que é minha mãe (Fernandes, te invejo) e acho que é isso que me falta pra ter uma felicidade interna plena... mas se a reação de todo mundo foi boa por que eu acho que da minha mãe vai ser diferente? Não sei. Esse é um dos mistérios da vida.

Um outro caminho


Comecei 2020 com um emprego na área que sou formado (publicidade) e o panorama era o melhor possível, estava conseguindo guardar uma grana, no meio do ano ia viajar pra SP pra "sentir" a cidade e conhecer pessoalmente algumas pessoas que só conheço da internet e em dezembro/janeiro eu pegaria as férias e ia de novo pra SP procurar emprego na minha área e, encontrando, eu me demitiria e ia pra cidade que quero morar sozinho já tem um tempo... só que aí veio o coronga e miou tanto os meus planos quanto da empresa que eu trabalhava, ou seja: fui demitido em abril, por sorte o Lu aqui é uma pessoa precavida e tinha uma reserva que durou até julho (pois é, daqui pra frente vai ser osso...) e agora estou correndo atrás de uns freelazinhos.

E como a vida é uma caixinha de surpresas minha prima me manda um vídeo de um cara chamado Guilherme Rocker, figura magricela com um cabelo incrível... pois bem, assisti alguns vídeos dele curtindo o estilo, porém o gatilho que fez a chave virar foi o documentário sobre o Walter Mercado que tem na netflix nossa de cada dia... lá alguém falou que o Walter era andrógino e essa palavra tipo explodiu na minha cabeça saca? Tipo aquele gif.. wooooow

Fui ler sobre e passei a me interessar pelo estilo e veio de encontro com algo que eu já tinha na cabeça desde o começo do ano...

Falando no começo do ano de volta: Quando eu entrei no emprego eu resolvi fazer terapia (menines, façam terapia, é ótimo!) e fui logo falando pra ela minhas neuras e tudo mais e ela tem me ajudado a normatizar essa coisa de usar saia na minha cabeça... eu falei uma frase que ela até guardou e foi uma paráfrase duma "ministra" do governo atual: Meninos usam azul e meninas rosa... e eu? Eu gosto do roxo.

(quem não sabe roxo é a mistura de azul com vermelho)

E aí sigo aqui, encantado por coisas roxas e cada vez mais interessado na ideia de ser andrógino, parece que o "não-escolher" também é uma forma de escolha afinal.

No mais é isso que eu queria dividir com vocês! E não se esqueçam de se permitir porque sim, você merece ser feliz hoje!

Até a próxima 
~ Lu

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comenta aí ;)